Acesse quatro peças-filmes produzidas por coletivos de Teatro Negro de São Paulo durante o período marcado pelo fenômeno da pandemia do Covid-19.
Os espetáculos tecem modos de produção teatral vinculados ao cinema:
DOIS GAROTOS QUE SE AFASTARAM DEMAIS DO SOL Da Cia Os Crespos
“Dois Garotos Que Se Afastaram Demais do Sol”, tem como fio condutor a disputa pelo título mundial de boxe de 1962, entre os afro caribenhos Benny Kid Paret – encenado pelo ator Rodrigo de Odé – e Emile Griffith, primeiro campeão mundial de boxe a assumir sua bissexualidade – interpretado pelo ator Sidney Santiago Kuanza.
No dia anterior à luta, durante a pesagem, o cubano Kid Paret havia proferido várias ofensas em relação à orientação sexual de Griffith, que subiu no ringue transtornado e desferiu uma sequência de golpes em Paret, levando-o ao coma. Paret veio a falecer 10 dias depois e o fato trágico assombrou o campeão até o fim dos seus dias.
A obra é baseada na peça “12º Round” do dramaturgo Sérgio Roveri, e faz uma série de pré estreias em outubro e novembro, com exibições onlines e gratuitas.
Emile e Kid são dois garotos afro-caribenhos que vão para os Estados Unidos tentar melhorar suas condições de vida. Lá eles se tornam campeões mundiais de boxe e, de alguma forma, são incorporados à sociedade estadunidense. No frio do Norte eles fazem parte do mundo do sucesso e vivem sob códigos que não controlam. Em um ringue aterrorizante, os campeões lutam contra seus próprios fantasmas, criando dispositivos de autodefesa que os aprisionam ainda mais.
“Dois Garotos Que Se Afastaram Demais do Sol” é fruto do projeto de “Mãos Dadas: Afetos Políticos, Contornos Poéticos” contemplado pela 35ª Edição do Programa Municipal de Fomento ao Teatro para a cidade de São Paulo. O projeto proporcionou o aprofundamento da pesquisa de linguagem, que investigou sobre masculinidades negras e as possíveis intersecções com as lutas de auto defesa. Neste percurso Os Crespos foram provocados a pensar a humanidade negra a partir da filosofia Bacongo, apresentada pela Professora Aza Njeri, Pós-doutora em Filosofia Africana UFRJ, “todo ser humano é um sol vivo… as populações negras sofrem um constante apagamento do seu sol, através de fenômenos de poder de desumanização dos nossos corpos… uma família, independente da sua constituição é uma constelação solar, subindo a montanha da vida.” Essa ideia iluminou uma das frases do texto de Roveri, que virou o título do filme-espetáculo. A frase que dá nome a obra resume a ideia de que as pessoas negras tem sua dignidade como ser humano desafiada, até que elas fracassem, até que seu sol seja apagado.
SEVERINA DA MORTE À VIDA
Grupo Clariô de Teatro
Uma personagem: SEVERINA. Uma decisão: A escolha da MORTE como melhor condição de “vida”. Sua morada: Uma Cova. Eis um problema: “Não se pode morar numa cova, estando vivo. E também não se pode estar morto, numa cova que não lhe pertence”. SEVERINA deve “sair do buraco” e ir em busca de um que lhe pertença. Eis um novo problema: Não há mais terra para ser dividida. O mundo está privatizado. Severina, não pode ficar “parada” em nenhum lugar, que não tenha comprado. Então
começa a PEREGRINAÇÃO SEVERINA. Em busca de uma morte, que garanta uma digna e eterna moradia. Mas para morrer, é preciso estar VIVO. Sendo ela uma moribunda, estará SEVERINA
viva? Deverá então ir em busca de vida, não para ser vivida ou defendida (como na obra de João Cabral de Melo Neto) mas, para ser morrida. Descobrir-se vivo para ganhar assim, o direito à morte.
Texto do Grupo Clariô De Teatro
Livremente inspirado na obra “Morte e Vida Severina” de Joao Cabral de Melo Neto.
Assessoria dramatúrgica Will Damas
Direção Naruna Costa
Elenco : Alexandre Souza, Cleydson Catarina, Martinha Soares, Naloana Lima, e Washington Gabriel
Direção Musical: Naruna Costa
Criação de Trilha Sonora: André Ricardo e Naruna Costa
Execução Ao Vivo: Naruna Costa, Pablo Quinones e Ubere Guelé
Cenário: Alexandre Souza (Juão)
Bonecos: Rager Luan
Mascaras e adereços: Cleydson Catarina
Figurinos: Martinha Soares e Cleydson Catarina
Maquiagem: Naloana Lima
Criação e Operação de Luz: Rager Luan
Contra-regragem e Maquinaria: Pablo Quinones e Ubere Guelè
Produção Executiva: Washington Gabriel
Ass. produção : Rafaela Thamires
Realização: Grupo Clariô de Teatro
Equipe Filmagem: CINEBECOS
Captação imagem: Fernando Solidade, Rogério Pixote e Baltazar Lima
Captação de som: Diego F.F. Soares, Kleber
Direção de Fotografia: Fernando Solidade
Direção Geral: Naruna Costa
Edição e montagem: Fernando Solidade
Libras: Miriam Caxile
AUTO DO NEGRINHO do Grupo Terreiro Encantado
Com direção de Cleydson Catarina e inspirado no cordel “Negrinho do Pastoreio” de Klévisson Viana, Auto do Negrinho é um espetáculo de teatro popular, que representa a lenda do Negrinho do Pastoreio, uma criança escravizada no sul do Brasil. A história do pequeno menino serve de gatilho para a reflexão sobre o genocídio da juventude negra, indígena e pobre nos tempos atuais.
Com a oralidade da literatura de cordel, os tambores das congadas, e as máscaras e bonecos das manifestações populares, o grupo Teatro Terreiro Encantado convida o público a cantar, dançar e se manifestar.
Classificação indicativa: +10
“Licença e bença.
A porta do Rosário dos Pretos está aberta, entre com devoção no coração, com força na voz e alegria no corpo. O Auto do Negrinho vai começar…”
Direção: Cleydson Catarina
Cordel: Klévisson Viana
Elenco: Cleydson Catarina (ator e bonequeiro), Augusto Iúna (músico, ator e bonequeiro) Rafael Fazzion (percussão) e Uberê Guelé (ator e bonequeiro) e Fabio Santos (ator e bonequeiro)
Iluminação: Rager Luan
CASA ABERTA da Capulanas Cia de Arte Negra
Sinopse
“Negras Poesias”, “Sangoma”, “Ialodês”, “Tênue” e “Quando as palavras sopram os olhos… respiro”. Uma colcha de retalhos das encruzilhadas de nossos corpos-memória, tecida durante um momento em que respirar é um privilégio cada vez mais escasso na vida de mulheres negras nas periferias.
Evento: FESTIVAL CULTURA E EDUAÇÃO NAS MARGENS DO GRAJAÚ – COLETIVO IMARGEM
Ficha Técnica
Realização: Imargem
Direção: Capulanas Cia de Arte Negra e Kleber Lourenço
Intérpretes Criadoras: Adriana Paixão, Carol Rocha Ewaci, Débora Marçal, Flávia Rosa, Rose Eloy
Texto: Kleber Lourenço, Cidinha da Silva, Débora Marçal, Solano Trindade
Música: Naruna Costa
Produção: Débora Marçal e Capulanas Cia de Arte Negra