Realizado entre os dias 16 e 19 de Agosto de 2022
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O ano de 2022 promete ser um Annus mirabilis, com muitas datas históricas, cem anos da Semana de Arte Moderna e duzentos anos da independência do Brasil. Cientes de que, “nós não paramos de modificar o passado, gerando ficções sociais, políticas e filosóficas” (Borges, 2001), estes são momentos bastante oportunos para fazermos uma reflexão sobre a nossa história, criticando os erros e buscando repetir os acertos, mas jamais apagando da memória os fatos importantes.
O audiovisual é uma ferramenta fundamental para o registro e a criação de arquivos históricos que sempre podem ser vistos e revistos. Em tempos de pós-verdade, a nítida representação da identidade e da diferença pode ser vista como um pré-requisito indispensável que fornece as bases operativas para a distinção entre ilusão e imagem informativa – e assim garantir a validade das construções representativas que é o principal
sustentáculo e a razão de ser das imagens em movimento, atualmente presentes em todos os lugares, e ocupando espaços reais e virtuais.
O cinema não foi incluído nas três noites memoráveis do Teatro Municipal de São Paulo, em fevereiro de 1922. Entretanto, pouco tempo após o evento, a revista Klaxon, Mensário de Arte Moderna começou a circular, trazendo artigos de crítica cinematográfica assinados por intelectuais de peso como Mário de Andrade e Guilherme de Almeida. Outras vanguardas ainda estariam por vir, antecipadas pelo filme Limite (1931) de Mário Peixoto e pelas produções do genial cineasta mineiro, Humberto Mauro.
O Cinema Novo emergiu nos anos de 1960 como um verdadeiro tour de force na história do cinema brasileiro,alinhando o nosso país às novas vanguardas europeias naqueles anos de rebeldia.De lá para cá as inovações não pararam de se suceder, ganhando em sofisticaçãotécnica e na diversidade dos temas. Os povos indígenas sempre estiveramconosco, mas somente agora, com a ajuda da tecnologia digital, estão sendocapazes de vencer o apagamento e a deturpação de sua imagem, por meio doaudiovisual que ganhou mobilidade e colocou a câmera ao alcance da mão dessespovos originários. Enquanto, finalmente a negritude ganha espaço nas múltiplastelas do audiovisual brasileiro. Por outro lado, eis que emerge nos grandes centros urbanos uma vanguarda periférica, em tempos de pós-cinema. Seguramente essas manifestações merecem ser apreciadas e analisadas.
O Fórum Internacional Cinemática IV pretende incentivar uma reflexão aprofundada sobre a história do Brasil, com a mirada acurada da linguagem cinemática, e a participação de grandes especialistas nacionais e internacionais, sendo acompanhada de uma seleção de filmes históricos e vídeos que colocam em tela a atualidade o audiovisual brasileiro.